sábado, 15 de novembro de 2014

A Marca de Atena - Annabeth

Capítulo III

ANNABETH DESEJOU QUE TIVESSE APETITE, porque os romanos sabiam como comer.
Conjuntos de sofás e mesinhas foram carregados para o fórum até que ele se parecesse com uma mostra de móveis. Os romanos se sentavam em grupos de dez ou vinte, conversando e rindo enquanto espíritos do vento – aurae – giravam por cima de suas cabeças trazendo um sortimento de pizzas, sanduíches, batata frita, bebidas geladas e biscoitos recém-saídos do forno. Flutuando no meio da multidão havia fantasmas púrpura – lares – vestidos em togas e armaduras de legionários. Ao redor da festa, sátiros (não, faunos, Annabeth pensou) trotavam de mesa em mesa, mendigando comida ou algum trocado. Nos campos ao redor, o elefante de guerra brincava com a Sra. O‘Leary e crianças brincavam de pega-pega ao redor das estátuas de Términus que demarcavam os limites da cidade.
A cena inteira era tão familiar e ao mesmo tempo tão fora da realidade que causou vertigens em Annabeth.
Tudo o que queria era ficar com Percy – de preferência sozinhos, mas ela sabia que teria que esperar. Se a missão deles fosse bem sucedida, iriam precisar desses romanos, o que significava conhecê-los e criar algum tipo de amizade.
Reyna e alguns poucos oficiais (incluindo o garoto loiro Octavian, que tinha acabado de voltar da queima de alguns ursinhos de pelúcia para os deuses) se sentavam com Annabeth e sua tripulação. Percy se juntou a eles com seus dois novos amigos, Frank e Hazel.
Enquanto um tornado de pratos de comida se instalava na mesa, Percy se inclinou e sussurrou:
— Eu quero te mostrar Nova Roma. Só você e eu. O lugar é incrível.
Annabeth devia ter se sentindo emocionada. Só você e eu, era exatamente o que ela queria. Mas ao invés disso, um ressentimento engasgou em sua garganta. Como Percy podia falar com tanto entusiasmo sobre esse lugar? E quanto ao Acampamento Meio-Sangue – o acampamento deles, o lar deles?
Ela tentou não ficar olhando para as novas marcas no antebraço de Percy – uma tatuagem SPQR igual à de Jason. No Acampamento Meio-Sangue, os semideuses ganhavam contas em seu colar para comemorar os anos de treinamento. Aqui, os romanos queimavam uma tatuagem em sua carne, como se isso dissesse: Você nos pertence permanentemente. Ela engoliu de volta alguns comentários amargos.
— Okay. Claro.
— Eu estive pensando — ele disse nervosamente. — Eu tive essa ideia...
Ele parou quando Reyna pediu uma torrada a um colega. Depois de todas as apresentações, os romanos e a tripulação de Annabeth começaram a trocar histórias. Jason explicou como tinha chegado ao Acampamento Meio-Sangue sem sua memória e como tinha saído em uma missão com Piper e Leo para resgatar a deusa Hera (ou Juno, você escolhe, ela era igualmente irritante na forma grega ou na romana) de sua prisão na casa dos lobos no norte na Califórnia.
— Impossível! — Octavian interrompeu. — Aquele é o nosso local mais sagrado. Se os gigantes tivessem aprisionado uma deusa lá...
— Eles teriam a destruído — Piper completou — e colocado a culpa nos gregos, começando uma guerra entre os acampamentos. Agora fique quieto e deixe o Jason terminar.
Octavian abriu a boca, mas nenhum som saiu. Annabeth realmente adorava o charme de Piper. Ela percebeu que Reyna olhava de lá pra cá entre Jason e Piper, sua sobrancelha erguida, como se estivesse começando a perceber que aqueles dois eram um casal.
— Então — Jason continuou — foi assim que nós descobrimos sobre a deusa terra Gaia. Ela ainda está meio adormecida, mas é quem está libertando os monstros do Tártaro e revivendo os gigantes. Porfírion, o grande líder com quem nós lutamos na casa dos lobos, disse que estava recuando para as terras antigas – a Grécia. Ele planeja despertar Gaia e destruir os deuses... Como foi que ele disse? Arrancando suas raízes.
Percy concordou pensativo.
— Gaia esteve bem ocupada aqui também. Nós tivemos nosso próprio encontro com a Rainha Cara de Terra.
Percy contou seu lado da história. Ele falou sobre acordar na casa dos lobos sem se lembrar de nada exceto por um nome  Annabeth.
Quando ouviu isso, Annabeth teve que se esforçar muito pra tentar não chorar. Percy contou a eles como ele tinha viajado ao Alasca com Frank e Hazel – como tinham derrotado o gigante Alcioneu, libertado o deus da morte Tânatos e retornado com o estandarte da águia dourada desaparecido do Acampamento Romano para repelir um ataque do exército de gigantes.
Quando Percy terminou, Jason assoviou, apreciando a história.
— Não me admira que tenham te elegido Pretor.
Octavian bufou.
— O que quer dizer que agora nós temos três pretores! As regras estabelecem claramente que só podemos ter dois!
— O lado bom disso — Percy disse — é que nós dois, Jason eu somos seus superiores, Octavian. Então ambos podemos te mandar calar a boca.
Octavian ficou tão roxo quanto uma camiseta romana. Jason bateu seu punho amigavelmente com o de Percy. Até mesmo Reyna esboçou um sorriso, embora seus olhos estivessem atormentados.
— Nós vamos ter que resolver o problema do pretor extra depois — ela disse. — No momento temos assuntos mais sérios para tratar.
— Eu cederei meu lugar ao Jason — Percy disse calmamente. — Não é grande coisa.
— Não é grande coisa? — Octavian guinchou. — O pretorado de Roma não é grande coisa?
Percy o ignorou e se virou para Jason.
— Você é o irmão de Thalia Grace, não é? Uau. Vocês dois não são nada parecidos.
— Sim, eu percebi — Jason disse. — De qualquer jeito, obrigado por ter ajudado meu acampamento enquanto eu estive fora. Você fez um trabalho incrível.
— Eu te digo o mesmo — Percy respondeu.
Annabeth chutou a canela dele. Ela odiou interromper o momento fraternal entre os rapazes, mas Reyna estava certa: Eles tinham coisas sérias para discutir.
— Nós devíamos falar sobre a grande profecia. Parece-me que os romanos estão cientes disso também?
Reyna concordou.
— Nós a chamamos de Profecia dos Sete. Octavian, você sabe recitar de cor?
— É claro — ele disse. — Mas Reyna...
— Recite, por favor, em inglês, não em latim.
Octavian suspirou.
— Sete semideuses responderão ao chamado, Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado...
— Um juramento a manter com um alento final — Annabeth continuou. — E inimigos com armas às Portas da Morte afinal.
Todos olharem fixamente para ela – exceto por Leo, que havia construído um cata-vento com as embalagens de tacos feitas de papel alumínio e o enfiando dentro dos espíritos do vento.
Annabeth não tinha certeza de porque ela disse abruptamente as linhas da profecia. Apenas havia se sentido compelida. O garoto grande, Frank, sentado de frente a ela, olhava fixamente para ela em fascinação, como se nela tivesse crescido um terceiro olho.
— É verdade que você é uma filha de Min... Quero dizer, Atena?
— Sim — ela disse, repentinamente se sentindo defensiva. — Porque isso é tão surpreendente?
Octavian zombou.
— Se você é verdadeiramente uma filha da deusa da sabedoria...
— Basta — Reyna interrompeu. — Annabeth é o que ela diz. Ela está aqui em paz. Além disso... — Ela deu um olhar de invejoso respeito. — Percy tem falado bastante de você.
O tom suave na voz de Reyna levou Annabeth a um momento de adivinhação. Percy olhou para baixo, repentinamente interessado em seu cheeseburger.
O rosto de Annabeth ficou quente. Oh, deuses... Reyna havia tentado namorar Percy. Isso explicava o tom de amargura, talvez até mesmo inveja, em suas palavras. Percy a havia rejeitado por Annabeth.
Nesse momento, Annabeth perdoou seu ridículo namorado por tudo o que ele já havia feito de errado. Ela queria atirar seus braços ao redor dele, mas controlou a si própria e permaneceu composta.
— Hã, obrigada — disse a Reyna. — De qualquer modo, uma parte da profecia está se tornando clara. Inimigos com armas às Portas da Morte... Isso quer dizer romanos e gregos. Nós temos que combinar forças para encontrar essas portas.
Hazel, a garota com o elmo de cavalaria e longo cabelo encaracolado, pegou algo próximo a seu prato. Parecia como um grande rubi; mas antes que Annabeth pudesse ter certeza, Hazel meteu-o no bolso da sua calça de brim.
— Meu irmão, Nico, foi procurar pelas portas — ela disse.
— Espere — Annabeth disse. — Nico di Angelo? Ele é seu irmão?
Hazel acenou com a cabeça como se isso fosse óbvio. Uma dúzia a mais de perguntas surgiram na cabeça de Annabeth, mas sua cabeça ainda estava girando como o cata-vento de Leo. Ela decidiu deixar o assunto de lado.
— Certo. Você estava dizendo...?
— Ele desapareceu — Hazel umedeceu seus lábios. — Estou com medo de que... Não tenho certeza, mas acho que algo aconteceu a ele.
— Procuraremos por ele — Percy prometeu. — Nós temos que encontrar as Portas da Morte de qualquer modo. Tânatos nos disse que encontraríamos ambas as respostas em Roma... tipo, a Roma original. É no caminho da Grécia, certo?
— Tânatos disse isso a vocês? — Annabeth tentou ocultar seu pensamento sobre essaideia. — O deus da morte?
Ela havia conhecido muitos deuses. Havia até mesmo ido ao Mundo Inferior; mas a história de Percy sobre salvar a encarnação da própria morte realmente a assustava.
Percy mordeu um pedaço de seu hambúrguer.
— Agora que a morte está livre, os monstros vão se desintegrar e voltar para o Tártaro de novo como costumavam fazer. Mas enquanto as Portas da Morte estiverem abertas, eles vão continuar voltando.
Piper sacudiu a pena em seu cabelo.
— Como água vazando por uma represa — ela sugeriu.
— Sim — Percy sorriu. — Nós estamos com uma droga de vazamento.
— O quê? — Piper perguntou.
— Nada — ele disse. — Só uma piada. O importante é que nós temos que encontrar as portas e trancá-las antes que possamos ir para a Grécia. É o único jeito de nós termos uma chance de derrotar os gigantes e ter certeza de que vão continuar destruídos.
Reyna pegou uma maçã de uma bandeja de frutas que estava passando. Ela girou a maçã em seus dedos, estudando a superfície vermelho-escura.
— Você propõe uma expedição à Grécia em seu navio de guerra. Vocês percebem que as terras antigas – e o Mare Nostrum – são perigosos?
— Mary quem? — Leo perguntou.
— Mare Nostrum. — Jason explicou. — Nosso Mar. É como os antigos romanos chamavam o Mediterrâneo.
Reyna concordou.
— O território que já foi o Império Romano não é apenas o local de nascimento dos deuses. É também a terra ancestral de monstros, Titãs e gigantes... E coisas piores. Assim como é perigoso para semideuses viajarem aqui na América, lá isso seria dez vezes pior.
— Você disse que o Alasca seria ruim — Percy lembrou a ela. — E nós sobrevivemos.
Reyna sacudiu a cabeça. À medida que ela virava a maçã suas unhas rasgavam luas crescentes na superfície.
— Percy, viajar para o Mediterrâneo é um nível de perigo completamente diferente. Está fora dos limites para semideuses romanos há séculos. Nenhum herói em seu juízo perfeito iria para lá.
— Então é com a gente! — Leo sorriu por cima de seu cata-vento. — Porque nós somos todos doidos, certo? Além disso, o Argo II é um navio de guerra top de linha. Vai nos levar até lá.
— Vamos precisar correr — Jason acrescentou. — Eu não sei exatamente o que os gigantes estão planejando, mas Gaia está aumentando sua consciência a cada minuto. Ela está invadindo sonhos, aparecendo em lugares estranhos, invocando monstros cada vez mais poderosos. Nós temos que parar os gigantes antes que eles consigam despertá-la completamente.
Annabeth estremeceu. Ela tinha tido sua própria cota de pesadelos ultimamente.
— Sete meio-sangues responderão ao chamado — ela disse. — Precisa ser um misto de ambos os nossos acampamentos. Jason, Piper, Leo e eu. Somos quatro.
— E eu — Percy disse. — Com mais Frank e Hazel. São sete.
— O quê? — Octavian se levantou de um pulo. — Nós devemos apenas aceitar isso? Sem uma votação no Senado? Sem um debate apropriado? Sem...
— Percy! — Tyson, o Ciclope vinha na direção deles com a Sra. O‘Leary no seu encalço.
E nas costas do cão infernal sentava a mais magra harpia que Annabeth já tinha visto – uma garota com a aparência adoentada e o cabelo vermelho pegajoso, um vestido feito de saco de estopa e asas com penas avermelhadas.
Annabeth não sabia de onde a harpia tinha vindo, mas seu coração se aqueceu ao ver Tyson com sua camisa e flanela e seu jeans esfarrapado e com o estandarte SPQR cruzado em seu peito. Ela tinha tido experiências bem ruins com ciclopes, mas Tyson era um doce. Ele também era meio-irmão de Percy (longa história), o que o tornava praticamente da família.
Tyson parou perto do sofá deles, torcendo suas mãos carnudas. Seu grande olho castanho estava cheio de preocupação.
— Ella está assustada — ele disse.
— S-s-sem mais barcos — a harpia murmurou pra si mesma, alisando furiosamente em suas penas. — TitanicLusitâniaPax... Barcos não são para harpias.
Leo apertou os olhos. Ele olhou para Hazel, que estava sentada perto dele.
— Aquela garota galinha acabou de comparar meu navio ao Titanic?
— Ela não é uma galinha — Hazel desviou os olhos, como se Leo a fizesse ficar nervosa. — Ella é uma harpia. Ela só está um pouco... Tensa demais.
— Ella é linda — Tyson disse — e assustada. Nós precisamos levá-la, mas ela não vai subir no navio.
— Sem navios — Ella repetiu. Ela olhou direto para Annabeth. — Má sorte. É o que ela é. A filha da sabedoria caminha solitária...
— Ella! — Frank ficou de pé de repente. — Talvez não seja a melhor hora...
— A Marca de Atena por toda a Roma é incendiário — Ella continuou, colocando as mãos sobre os ouvidos e levantando a voz. — Gêmeos ceifaram do anjo a vida, Que detém a chave para a morte infinita. A ruína dos gigantes se apresenta dourada e pálida, Conquistada através da dor de uma prisão tecida.
O efeito foi como se alguém jogasse uma granada de luz sobre a mesa. Todos encaravam a harpia. Ninguém disse uma palavra. O coração de Annabeth estava martelando. A Marca de Atena... Ela resistiu ao ímpeto de checar sua carteira, mas ela podia sentir a moeda de prata ficando mais quente – o presente maldito de sua mãe.Siga a Marca de Atena. Vingue-me.
Ao redor deles o som da festa continuava, mas emudecido e distante, como se aquele seu pequeno grupo de sofás tivesse deslizado para uma dimensão mais silenciosa.
Percy foi o primeiro a se recuperar. Ele ficou de pé e pegou no braço de Tyson.
— Eu sei! — ele disse com um falso entusiasmo. — Que tal levar Ella pra tomar um ar fresco? Você e a Sra. O‘Leary...
— Esperem — Octavian pegou um de seus ursos de pelúcia, estrangulando-o com suas mãos trêmulas. Os olhos dele fixos em Ella. — O que foi que ela disse? Isso parecia uma...
— Ella lê muito — Frank deixou escapar. — Nós a encontramos numa biblioteca.
— Sim! — Hazel disse. — Provavelmente foi alguma coisa que ela leu num livro.
— Livros — Ella murmurou prestativamente. — Ella gosta de livros.
Agora que ela tinha dito sua parte, a harpia parecia mais relaxada. Ela se sentou de pernas cruzadas nas costas da Sra. O‘Leary, alisando suas asas.
Annabeth deu um olhar curioso a Percy. Obviamente, ele, Frank e Hazel estavam escondendo alguma coisa. Assim como era óbvio, que Ella tinha recitado uma profecia – uma profecia que dizia respeito a ela.
A expressão de Percy dizia: Socorro.
— Isso foi uma profecia — Octavian insistiu. — Isso soou como uma profecia.
Ninguém respondeu.
Annabeth não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas entendeu que Percy estava à beira de um grande problema. Ela forçou uma risada.
— Mesmo, Octavian? Talvez as harpias sejam diferentes aqui, do lado romano. As nossas só tem inteligência o suficiente para limpar os quartos e cozinhar. As suas geralmente preveem o futuro? Você as consulta nos seus agouros?
As palavras dela tiveram o efeito pretendido. Os oficiais romanos gargalharam nervosamente. Alguns avaliavam Ella, depois olhavam para Octavian e bufavam. A ideia de uma senhora galinha emitindo profecias era aparentemente tão ridícula para os romanos quanto era para os gregos.
— Eu, humm... — Octavian largou seu ursinho de pelúcia. — Não, mas...
— Ela está só recitando linhas de algum livro — Annabeth disse — como Hazel sugeriu. Além disso, nós já temos uma profecia real para nos preocupar.
Ela se virou para Tyson.
— Percy está certo. Porque você não leva Ella e a Sra. O‘Leary pra passear pelas sombras por enquanto? Está tudo bem para você, Ella?
— Cachorros grandes são legais — Ella disse. — Meu melhor companheiro, 1957, filmado por Fred Gipson e Willian Tunberg.
Annabeth não sabia ao certo o que fazer com aquela resposta, mas Percy sorriu como se o problema estivesse resolvido.
— Ótimo! — Percy falou. — Nós mandaremos uma mensagem de Íris quando terminarmos aqui e alcançamos vocês depois.
Os romanos olharam para Reyna, esperando por suas ordens. Annabeth segurou o fôlego.
Reyna tinha uma excelente cara de paisagem. Ela estudou Ella, mas Annabeth não conseguia adivinhar o que ela estava pensando.
— Bem — a pretora disse finalmente. — Vão.
— Uhu! — Tyson chegou perto do sofá e deu um grande abraço em todo mundo – até em Octavian, que não pareceu nada feliz com isso. Depois ele montou nas costas da Sra. O‘Leary com Ella, e o cão infernal partiu para o fórum. Eles seguiram direto para uma sombra na parede do Senado e desapareceram.
— Bem — Reyna pôs na mesa a maçã que não tinha comido. — Octavian está certo quanto a uma coisa. Nós precisamos receber a aprovação do Senado antes de deixarmos qualquer um de nossos legionários partir numa missão – especialmente uma tão perigosa quanto a que vocês estão sugerindo.
— Essa coisa toda me cheira a traição — Octavian murmurou. — Aquele trirreme não é um navio de paz!
— Suba a bordo, cara — Leo ofereceu. — Eu te levo num tour. Você pode conduzir o navio e se for bem mesmo eu te dou um chapeuzinho de papel de capitão pra você vestir.
As narinas de Octavian se alargaram.
— Como você ousa...
— É uma boa ideia — Reyna disse. — Octavian, vá com ele. Cheque o navio. Nós nos encontramos na reunião do Senado daqui a uma hora.
— Mas... — Octavian parou. Aparentemente, ele podia dizer pela expressão de Reyna que esticar aquela reclamação não seria muito bom pra saúde dele. — Está bem.
Leo se levantou. Ele se virou para Annabeth e o sorriso dele mudou. Aconteceu tão rápido que Annabeth pensou que tinha imaginado aquilo; mas só por um momento pareceu que uma outra pessoa estava de pé no lugar de Leo, sorrindo friamente com um brilho cruel em seus olhos. Então Annabeth piscou e Leo estava normal, o velho Leo novamente, com seu usual sorriso travesso.
— Eu volto logo — prometeu. — Isso vai ser épico.
Um calafrio horrível passou por ela. Enquanto Leo e Octavian se dirigiam para a escada de cordas, ela pensou em chamá-los de volta – mas como iria explicar isso? Dizer para todos que estava ficando louca, vendo coisas e sentindo calafrios?
Os espíritos do vento começaram a limpar os pratos.
— Hã, Reyna — Jason disse — Se você não se importa, eu gostaria de mostrar os arredores para Piper antes da reunião do Senado. Ela nunca viu Nova Roma.
A expressão de Reyna endureceu.
Annabeth pensou em como Jason podia ser tão tapado. Será possível que ele não entendia mesmo o quanto Reyna gostava dele? Isso era tão óbvio para Annabeth. Pedir para mostrar os arredores para sua nova namorada era como jogar sal na ferida.
— É claro — Reyna respondeu friamente.
Percy pegou a mão de Annabeth.
— É, eu também. Eu gostaria de mostrar para Annabeth...
— Não — Reyna disparou.
Percy arqueou as sobrancelhas.
— Desculpe?
— Eu gostaria de ter umas palavrinhas com Annabeth — Reyna disse. — A sós. Se você não se importar, meu colega pretor.
O tom dela deixava claro que ela não estava realmente pedindo permissão.
O calafrio se espalhou pelas costas de Annabeth. Ela imaginou o que Reyna estava fazendo. Talvez a pretora não gostasse da ideia dos dois caras que a rejeitaram fazendo turismo com suas namoradas pela cidade. Ou talvez houvesse alguma coisa que ela queria dizer em particular. De qualquer jeito, Annabeth estava relutante em ficar sozinha e desarmada com a líder romana.
— Venha, filha de Atena — Reyna se ergueu de seu sofá. — Caminhe comigo.

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