domingo, 25 de janeiro de 2015

A Sombra da Serpente - Sadie

Capítulo 21 - Os deuses estão classificados; meus sentimentos não

Ah, minhas quatro palavras favoritas: Carter, cale a boca.
Zia já percorreu um longo caminho desde que nos conhecemos. Eu acho que ainda há esperança para ela, mesmo que ela fantasiasse com meu irmão.
De qualquer forma, Carter sabiamente deixou o último pedaço da história para eu contar. Depois da batalha com Apófis, me senti horrível em vários níveis. Fisicamente, eu estava exausta. Magicamente, tinha usado até minha última gota de energia. Estava com medo de que poderia ter causado danos permanentemente em mim mesma, um sentimento latente de que meu reservatório de magia tinha se esgotado e uma péssima sensação de desgosto.
Emocionalmente, eu não estava muito melhor. Tinha visto Carter abraçar Zia quando ela surgiu da gosma fumegante da serpente, e isso era muito bom, mas só acabou me fazendo recordar minha própria confusão.
Onde estava o Walt? (Eu decidi chamá-lo assim, ou iria ficar louca tentando descobrir sua identidade.) Eu o tinha visto ali logo após a batalha. Agora ele se foi.
E se ele tivesse ido com os outros deuses? Eu já estava preocupada com Bes e Bastet. Não obstante, eles desapareçam sem dizer adeus. E eu não estava interessada no que Rá tinha dito sobre os deuses que saírem da terra apenas temporariamente.
Você não pode me empurrar para longe, sem afastar os deuses, Apófis tinha me avisado.
A serpente sangrenta poderia ter mencionado isto antes de ser execrada. Eu tinha acabado de fazer as pazes com Walt/Anúbis, ao menos na maior parte, e agora Walt tinha desaparecido. Se ele tivesse sido declarado fora dos limites mais uma vez, eu estaria indo rastejar para um sarcófago e nunca mais iria sair.
Enquanto Carter estava com Zia na enfermaria, eu vaguei pelos corredores do Primeiro Nomo, mas não encontrei sinais de Walt. Tentei contatá-lo com o amuleto shen.Nenhuma resposta. Eu até tentei entrar em contato com Ísis para me aconselhar, mas a deusa tinha ficado em silêncio. Eu não gostei disso.
Então, sim, eu estava muito distraída no Salão das Eras durante o discurso pouco impressionante de Carter: Eu gostaria de agradecer a todos as pequenas pessoas por me fazer faraó, etc, etc.
Fiquei contente em visitar o mundo inferior e reencontrar minha mãe e meu pai. Pelo menos eles não estavam fora dos limites. Mas eu estava muito desapontada por não encontrar Walt lá. Mesmo que ele não pudesse ficar no mundo mortal, não deveria estar no Salão de Julgamento, assumindo as funções de Anúbis?
Foi quando minha mãe me puxou para o lado (não literalmente, claro. Como um fantasma, ela não conseguia me puxar para qualquer lado que fosse). Ficamos à esquerda da plataforma onde os músicos mortos tocavam uma música animada. JD Grissom e sua esposa, Anne, sorriram para mim. Eles pareciam felizes, e eu estava feliz por isso, mas ainda tinha dificuldades em vê-los sem me sentir culpada.
Mamãe puxou sua réplica do colar, um fantasma do meu próprio amuleto tyet.
—Sadie... nós nunca chegamos a conversar muito, só nós
Um bocado de eufemismo, já que ela morreu quando eu tinha seis anos. Entendi o que ela quis dizer, no entanto. Mesmo depois de nossa última reunião na primavera, ela e eu realmente nunca tínhamos conversado. Visitá-la no Duat era muito difícil, e os fantasmas não têm e-mail, celular ou Skype. Mesmo se tivessem uma conexão de Internet adequada, adicionar minha mãe morta no Facebook seria um pouco estranho.
Eu não disse nada. Apenas assenti.
— Você cresceu forte, Sadie — mamãe disse. — Teve que ser corajosa por tanto tempo que deve ser difícil para você deixar as suas defesas. Você está com medo de perder mais alguém de que goste.
Senti tontura, como se estivesse me transformando em um fantasma também. E se eu ficasse transparente, como a minha mãe? Eu queria discutir, protestar e brincar. Eu não queria ouvir o comentário dela, especialmente quando era tão verdadeiro.
Ao mesmo tempo, eu estava tão confusa por causa de Walt, tão preocupada com o que pudesse ter acontecido a ele, eu queria cair e chorar no ombro da minha mãe. Eu queria que ela me abraçasse e me dissesse que estava tudo bem. Infelizmente, não se pode chorar no ombro de um fantasma.
— Eu sei — disse minha mãe, como se pudesse ler meus pensamentos. — Eu não estava lá com você quando ainda era pequena. E seu pai... bem, ele teve que te deixar com seus avós. Eles tentaram te dar uma vida normal, mas você é muito mais do que normal, não é? E agora aqui está você, uma jovem mulher... — ela suspirou. — Eu perdi muito da sua vida, e não sei se você vai aceitar meu conselho agora. Mas, de qualquer modo, vale a pena tentar: confie em seus sentimentos. Não posso te prometer que você nunca vai se machucar novamente, mas posso prometer que o risco vale a pena.
Estudei seu rosto, inalterado desde o dia em que morreu: seu cabelo loiro fino, os olhos azuis, a curva meio travessa de suas sobrancelhas. Muitas vezes tinham me dito que eu parecia com ela. Agora via isso claramente. Quando fiquei mais velha, me pareceu impressionante o quanto os nossos rostos pareceram iguais. Colocando um pouco de roxo em seu cabelo, minha mãe poderia fazer um excelente dublê de Sadie.
— Você está falando de Walt — eu disse. — Esta é uma conversa, do fundo do coração, sobre garotos?
Mamãe estremeceu.
— Sim, bem... Estou receosa de que pudesse ser péssima com isso. Mas eu tinha que tentar. Quando eu era garota, sua avó não era muito de conversar comigo. Eu nunca pensei que pudesse falar disso com ela.
— Eu também nem pensaria nisso.
Tentei imaginar conversar disso com minha avó enquanto vovô gritava para a televisão e pedia mais chá e biscoitos queimados.
— Eu acho — me aventurei — que as mães normalmente alertam contra um possível coração partido, caso nos envolvamos com o tipo errado de menino, e acabemos ganhando uma má reputação. Esse tipo de coisa.
— Ah — mamãe assentiu. — Bem, veja você, eu não posso fazer isso. Acho que eu não estou preocupada que você pudesse fazer a coisa errada, Sadie. Estou preocupada de que você fosse ter medo de confiar em alguém, mesmo na pessoa certa. É o seu coração, é claro. Não é o meu. Mas eu diria que Walt está mais nervoso do que você. Não seja muito dura com ele.
— Dura com ele? — eu quase ri. — Eu nem sei onde ele está! E ele está hospedando um deus que...
— Que você também gosta — mamãe completou. — E isso é confuso, claro. Mas eles realmente são uma pessoa, agora. Anúbis tem muito em comum com Walt. Nem sempre tiveram uma vida para seguir adiante. Agora, juntos, eles tem.
— Você quer dizer... — A sensação de queimação horrível começou a diminuir, ainda que levemente. — Quer dizer que vou vê-lo novamente? Ele não está exilado, ou qualquer outro absurdo dos deuses não está sobre ele?
— Você vai vê-lo — mamãe afirmou. — Porque eles são um só, habitando o mesmo corpo mortal, que pode andar na terra, como os antigos deuses e reis egípcios. Walt e Anúbis são ambos bons rapazes. Eles estão um tanto nervosos, e não estão acostumados com o mundo mortal, estão com medo de como as pessoas normais vão tratá-los. E ambos pensam da mesma forma sobre você.
Eu provavelmente estava corando muito. Carter ficou me olhando de cima do trono, sem dúvida, perguntando o que estava errado. Eu não confiava em mim mesma para encarar seu olhar. Ele estava cansado demais para ler minha expressão.
— É tão sanguinariamente difícil — reclamei.
Minha mãe riu suavemente.
— Sim, é. Mas se serve de consolo... lidar com qualquer homem significa lidar com múltiplas personalidades.
Olhei para meu pai, que estava piscando lá atrás entre o Dr. Julius Kane e Osíris, o deus Smurf do mundo inferior.
— Eu entendo seu ponto — disse. — Mas onde está Anúbis? Quero dizer, Walt. Ugh! Lá vou eu de novo.
— Você vai vê-lo em breve — mamãe prometeu. — Eu queria que você estivesse preparada.
Minha mente disse: Isto é muito confuso, muito injusto. Eu não posso lidar com um relacionamento como este. Mas o meu coração disse: Cale a boca! Claro que posso!
— Obrigada mãe — falei, sem dúvida, falhando miseravelmente no olhar calmo e sereno. — Este negócio com os deuses se afastando. Isso significa que não vamos ver você e o papai muitas vezes, certo?
— Provavelmente — ela admitiu. — Mas você sabe o que fazer. Continue ensinando o caminho dos deuses. Traga a Casa da Vida de volta à sua antiga glória. Você, Carter e Amós vão fazer uma magia egípcia mais forte do que nunca. E isso é bom... porque os seus desafios não são pequenos.
— Setne? — adivinhei.
— Sim, ele! — mamãe concordou. — Mas também existem outros desafios. Eu não perdi completamente o dom de profecia, mesmo morrendo. Tive visões sombrias de outras magias e outros deuses.
Isso não soava nada bem.
— O que você quer dizer? — perguntei. — Que outros deuses?
— Eu não sei, Sadie. Mas o Egito sempre enfrentou os desafios mágicos de outros lugares, até mesmo dos deuses deles. Basta ficar atenta.
— Adorável — murmurei. — Preferia estar falando sobre garotos.
Minha mãe riu.
— Uma vez que você retorne ao mundo dos mortais, haverá mais um portal. Observe esta noite. Alguns velhos amigos gostariam de ter uma palavra com você.
Eu tive o sentimento de que sabia o que ela queria dizer. Ela tocou o pingente fantasmagórico que estava em torno de seu pescoço, o símbolo tyet de Ísis.
— Se você precisar de mim — mamãe disse — use o seu colar. Ele vai me avisar, assim como o colar shen avisa Walt.
— Teria sido útil saber disto mais cedo.
— Nossa conexão não era forte o suficiente antes. Agora... eu acho que é. — Ela beijou minha testa, o beijo me pareceu apenas uma suave brisa. — Eu estou orgulhosa de você, Sadie. Você tem toda a vida pela frente. Faça mais dela!

***

Naquela noite na Casa do Brooklyn, um portal de areia se abriu no terraço, assim como minha mãe havia prometido.
— Isso é para nós — eu disse, já me levantando da mesa de jantar. — Vamos, irmão, querido.
Do outro lado do portal, nós nos encontramos na praia do Lago de Fogo. Bastet estava esperando, jogando uma bola de fios de uma mão para a outra. Sua roupa preta combinava com seu cabelo. Seus olhos felinos dançavam na luz vermelha das ondas.
— Eles estão esperando por você — ela apontou para os degraus da Casa de Repouso. — Vamos conversar quando você voltar.
Eu não precisei perguntar por que ela não viria. Eu ouvi a melancolia em sua voz. Ela e Taueret nunca se deram bem por causa de Bes. Obviamente, Bastet queria dar para a deusa hipopótama algum espaço. Mas também, me perguntava se a minha velha amiga estava começando a perceber que ela ia deixar um bom partido fugir.
Beijei-a na bochecha. Em seguida, Carter e eu subimos as escadas.
Dentro da Casa de Repouso, o ambiente era festivo. Flores frescas decoravam o posto de enfermagem. bandeirinhas, enquanto um grupo de deuses idosos com cabeças de cachorro dançavam e cantavam o hokey-pokey, uma versão muito lenta, mas ainda impressionante. Mekhit, uma antiga deusa com cabeça de leão dançava lentamente com um deus masculino muito alto. Ela ronronou alto com a cabeça em seu ombro.
— Carter, olhe — eu disse. — Esse é...?
— Onuris! — Taueret respondeu, trotando sobre sua roupa de enfermeira. — Marido de Mekhit! Não é maravilhoso? Tínhamos certeza de que ele tinha desaparecido há séculos, mas quando Bes chamou os antigos deuses para a guerra, Onuris veio cambaleando para fora de um armário. Muitos outros apareceram também. Eles finalmente foram necessários, você entende! A guerra deu-lhes uma razão de existir.
A deusa hipopótama nos esmagou num abraço entusiasmado.
— Oh, meus queridos! Basta olhar o quão felizes todos estamos! Você deu-lhes uma nova vida.
— Não vejo tantos como antes — Carter percebeu.
— Alguns voltaram para o céu — Taueret explicou. — Ou foram para seus templos e palácios antigos. E, claro, o seu querido pai, Osíris, tomou os deuses do julgamento de volta para sua sala do trono.
Ver os velhos deuses tão felizes aqueceu meu coração, mas ainda sentia uma pontada de preocupação.
— Será que eles vão ficar assim? Quero dizer, eles não vão desaparecer novamente?
Taueret estendeu as grossas mãos.
— Suponho que isso depende de vocês, mortais. Se você se lembrar deles e fazê-los se sentirem importantes, devem ficar. Mas vem, você vai querer ver Bes!
Ele estava sentado em sua cadeira habitual, olhando fixamente pela janela para o Lago de Fogo. A cena era tão familiar que eu temia que ele havia perdido seu rennovamente.
— Ele está bem? — perguntei, correndo até ele. — O que há de errado com ele?
Bes virou, parecendo assustado.
— Além de ser feio? Nada, garota. Eu estava pensando, desculpe.
Ele levantou-se (tanto quanto um anão poderia) e nos abraçou.
— Ainda bem que as crianças podem fazer isto — disse Bes. — Você sabe, Taueret e eu estamos indo construir uma casa na margem do lago. Eu me acostumei com essa visão. Ela vai continuar trabalhando na Casa de Repouso. Eu vou ser o anão da casa por um tempo. Quem sabe? Talvez eu tenha alguns pequenos bebês anões hipopótamos para cuidar!
— Oh, Bes! — Taueret corou ferozmente e mexeu suas pálpebras de hipopótamo.
O deus anão riu.
— Sim, a vida é boa. Mas se vocês, crianças, precisarem de mim, apenas gritem. Eu sempre tive mais sorte no mundo dos mortais que a maioria dos deuses.
Carter fez uma careta de aflição.
— Você acha que vamos precisar muito de você? Quero dizer, é claro que queremos te ver! Eu só pergunto por que...
Bes grunhiu.
— Ei, eu sou um anão feio. Tenho um carro legal, um guarda-roupas excelente, e poderes surpreendentes. Por que vocês não precisariam de mim?
— Bom motivo — Carter concordou.
— Mas, ahn, não me chame com muita frequência — disse Bes. — Afinal, meu bolinho de mel e eu temos alguns milênios de tempo para ficarmos em dia.
Ele pegou a mão de Taueret, e por um momento, não achei o nome deste lugar, Acres Ensolarados, tão depressivo.
— Obrigado por tudo, Bes — falei.
— Você está brincando? — ele disse. — Você deu minha vida de volta, e não me refiro apenas à minha sombra.
Eu tive a nítida sensação de que os dois deuses queriam algum tempo a sós, então dissemos adeus e descemos até o lago.
O portal de areia ainda rodava. Bastet estava ao lado dele, absorta em sua bola de fios. Ela laçava os fios entre seus dedos fazendo desenhos.
— Está se divertindo? — perguntei.
— Pensei que você iria querer ver isso.
Ela ergueu os fios. Uma imagem de vídeo cintilou em sua superfície como uma tela de computador.
Eu vi o Salão dos Deuses com suas colunas imponentes e os pisos polidos, seus braseiros ardendo com uma centena de fogos multicoloridos. No palanque central, o barco do sol tinha sido substituído por um trono de ouro. Hórus estava sentado em sua forma humana, um adolescente careca musculoso vestido em uma armadura de batalha completa. Ele segurava o cajado e o mangual estava em seu colo, e seus olhos brilhavam, um de prata, um de ouro. À sua direita estava Ísis, sorrindo com orgulho, suas asas de arco-íris cintilantes. À sua esquerda estava Set, o deus do caos, de pele vermelha e bastão de ferro. Ele parecia bastante divertido, como se tivesse previsto para o final todo o tipo de coisas ruins.
Os outros ajoelharam enquanto Hórus se dirigia a eles. Olhei para a multidão procurando Anúbis, com ou sem Walt, mas novamente, não o vi.
Eu não pude ouvir as palavras, mas imaginei que fosse um discurso semelhante ao de Carter à Casa da Vida.
— Ele está fazendo a mesma coisa que eu fiz — protestou Carter. — Eu aposto que ele mesmo roubou o meu discurso. Isso é um roubo!
Bastet rosnou em desaprovação.
— Não há necessidade de dizer nomes, Carter. Os gatos não são copiadores. Todos nós somos únicos. Mas, sim, o que você faz como faraó no mundo mortal, muitas vezes, pode ser espelhado no mundo dos deuses. Hórus e você, afinal, governam as forças do Egito.
— Esse — eu disse — é um pensamento muito assustador.
Carter me bateu de leve no braço.
— Eu simplesmente não posso acreditar que Hórus saiu sem mesmo dar um adeus. É como se ele me jogasse de lado assim que terminasse de me usar, e depois se esquecesse de mim.
— Oh, não — disse Bastet. — Os deuses não fariam isso. Ele simplesmente teve que sair.
Mas eu me perguntei se isso era verdade. Deuses eram criaturas bastante egoístas, mesmo aqueles que não eram gatos. Ísis não tinha me dado um bom adeus ou me agradecido também.
— Bastet, você está vindo com a gente, não é? — implorei. — Quero dizer, este exílio bobo não pode se aplicar a você! Precisamos de nossa instrutora de cochilo na Casa do Brooklyn.
Bastet apertou seu novelo de lã e o jogou degraus abaixo. Sua expressão era muito triste para uma felina.
— Oh, meus gatinhos. Se eu pudesse, iria carregá-los para sempre pelos pescoços. Mas vocês cresceram. Suas garras são afiadas, sua visão está empenhada, e os gatos devem fazer o seu próprio caminho no mundo. Devo dizer adeus, por agora, embora tenha certeza de que vamos nos encontrar novamente.
Eu queria protestar que não tinha crescido e nem sequer tinha garras.
[Carter discordaria, mas do que ele sabe?]
Mas parte de mim sabia que Bastet estava certa. Nós tínhamos tido sorte em tê-la conosco por tanto tempo. Agora tínhamos que ser gatos adultos, nós seres humanos.
— Oh, Muffin... — eu a abracei ferozmente, podendo sentir seu ronronar.
Ela acariciou meu cabelo. Então esfregou as orelhas de Carter, o que foi bastante engraçado.
— Vá em frente, agora — ela disse. — Antes que eu comece a chorar. Além disso... — ela fixou os olhos na bola de fios, que rolou para o fundo dos degraus. Ela se agachou de ombros tensos. — Eu tenho que caçar.
— Sentiremos sua falta, Bastet — falei, tentando não chorar. — Boa caçada.
— Fios — ela disse distraidamente, arrastando-se para baixo. — Uma presa perigosa, os fios...
Carter e eu pisamos através do portal. Desta vez, adentramos no topo da Casa do Brooklyn. Nós tivemos mais uma surpresa. Em pé ao lado de uma cama estranha, Walt estava esperando. Ele sorriu quando me viu, e senti minhas pernas bambas.
— Eu vou, hum, estar lá dentro — Carter avisou.
Walt se aproximou, e eu tentei me lembrar de como respirar.

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