quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Sombra da Serpente - Sadie

Capítulo 14 - Diversão com dupla personalidade

Um excelente momento para chamar Ísis?
Talvez. Mas mesmo que Ísis me respondesse, duvido que eu pudesse convocar qualquer magia mais rápido do que Neith. E, na remota possibilidade de que eu de fato derrotasse a caçadora, tinha a sensação de que Neith consideraria trapaça se eu usasse o poder de outra deusa contra ela. Provavelmente ela decidiria que eu era parte da conspiração russa/zumbi/coletor de impostos.
Mesmo tão louca como Neith era, precisávamos de sua ajuda. Ela seria muito mais útil atirando flechas em Apófis do que sentada em seu abrigo fazendo casacos grosseiros e fora de moda.
Minha mente vagueou. Como vencer uma caçadora? Eu não sabia muito sobre caçadoras, exceto pelo velho major McNeil, avô do meu amigo, que morava no asilo dos militares reformados e que costumava contar histórias sobre elas... Ah.
— É realmente uma pena — falei.
Neith hesitou como eu esperava que fizesse.
— O quê?
— Seis partes comestíveis de uma palmeira — eu ri. — São sete na verdade.
Neith franziu a testa.
— Impossível!
— Ah, é? — Eu levantei minhas sobrancelhas. — Alguma vez você já morou em Covent Garden? Alguma vez você já caminhou através das selvas de Camden Lock e viveu para contar sobre isso?
Neith baixou o arco ligeiramente.
— Eu não conheço esses lugares.
— Achei que não! — falei triunfante. — Oh, as histórias que poderíamos ter compartilhado, Neith. As dicas de sobrevivência. Uma vez eu passei uma semana sem nada, sobrevivendo apenas de biscoitos velhos e suco de Ribena.
— É uma planta? — Neith perguntou.
— Sim, e com todos os nutrientes que você necessita para sobreviver. Se você souber onde comprar... quero dizer, colher.
Eu levantei a minha varinha, esperando que ela visse isso como uma mudança dramática, não uma ameaça.
— Uma vez, no meu abrigo na Estação Charing Cross, eu persegui uma presa mortal conhecida como Ursos de Gelatina.
Neith arregalou os olhos.
— Eles são perigosos?
— Horríveis — concordei. — Oh, eles parecem pequenos e sozinhos, mas depois aparecem em grande número. Gordinhos, pegajosos, muito mortais. Lá estava eu, sozinha, com apenas duas libras e uma passagem de metrô, cercada por Ursos de Gelatina, quando... Ah, mas esquece. Quando os Ursos de Gelatina te encontrarem... você vai dar o seu jeito.
Ela abaixou o arco.
— Diga-me. Eu preciso saber como caçar Ursos de Gelatina.
Olhei gravemente para Walt.
— Há quantos meses tenho treinado você, Walt?
— Sete. Quase oito na verdade.
— E eu já te considerei digno de caçar Ursos de Gelatina comigo?
— Uh... não.
— É disso que eu estou falando! — Ajoelhei-me e comecei a riscar o chão com minha varinha. — Mesmo Walt não está pronto para tal conhecimento. Eu poderia desenhar para você aqui uma imagem do temido Urso de Gelatina, ou até mesmo o Deus proibido, Kit Kat. Mas esse conhecimento pode destruir uma caçadora inexperiente.
— Eu sou a deusa da caça! — Neith avançou mais para perto, olhando com admiração para as brilhantes marcas, aparentemente não percebendo que eu estava fazendo hieróglifos de proteção. — Eu sei.
— Bem... — olhei para o horizonte. — Primeiro, você deve compreender a importância do momento.
— Sim! — Neith disse ansiosamente. — Diga-me mais sobre isto.
— Por exemplo... — eu bati nos hieróglifos e ativei o meu encanto. — É o pôr do sol. Ainda estamos vivos. Nós ganhamos.
A expressão de Neith endureceu.
— Trapaça!
Ela avançou para mim, mas os hieróglifos de proteção queimaram empurrando a deusa. Ela ergueu seu arco e atirou suas flechas.
O que aconteceu a seguir foi muito surpreendente.
Primeiro, as setas deviam estar muito encantadas, porque eles passaram direito através de minhas defesas. Em segundo lugar, Walt avançou com velocidade impossível. Mais rápido do que eu poderia gritar (o que eu fiz), Walt arrebatou as flechas no ar. Elas se desfizeram em pó cinzento, se espalhando com o vento.
Neith recuou de horror.
— É você. Isto é injusto!
— Nós vencemos — disse Walt. — Honre o seu acordo.
Um olhar se passou entre eles que eu não entendi muito bem, uma espécie de embate de força de vontade.
Neith sibilou entre dentes cerrados.
— Muito bem. Você pode ir. Quando Apófis chegar, eu vou lutar ao seu lado. Mas eu não vou esquecer que você entrou em meu território, criança de Set. E você...
Ela olhou para mim.
— Rogo esta maldição de caçadora: um dia você vai ser enganada por sua presa como eu fui enganada hoje. Que você seja atacada por um bando de selvagens Ursos de Gelatina!
Com essa ameaça terrível, Neith dissolveu-se em uma pilha de barbante.
— Criança de Set? — Apertei os olhos para Walt. — O que significa isso exatamente?
— Cuidado! — Ele alertou.
O templo à nossa volta começou a desmoronar. O ar ondulava como em ondas de choque de magia, transformando a paisagem de volta no Egito atual.
Nós mal chegamos à base das escadas. A última parede do templo foi reduzida a um monte de lama de tijolos, mas a sombra de Bes ainda era visível contra ela, lentamente desaparecendo à medida que o sol se punha.
— Precisamos nos apressar — disse Walt.
— Sim, mas como é que vamos capturá-lo?
Atrás de nós alguém limpou a garganta.
Anúbis inclinou-se contra uma palmeira nas proximidades, com uma expressão sombria.
— Sinto muito me intrometer. Mas, Walt... está na hora.
Anúbis estava vestido com uma roupa sport egípcia. Ele usava um colar de ouro, um kilt preto, sandálias e nada mais. Como já mencionei antes, não existem muitos garotos que possam usar esse visual, principalmente com os olhos delineados, mas Anúbis podia.
De repente, sua expressão mudou para alarme. Ele correu para nós. Por um momento, tive uma visão absurda de mim mesma na capa de um livro de antigos romances, onde uma pequena donzela está nos braços de um cara semi-vestido e musculoso, enquanto outra fica lançando olhares desejosos. Oh, que escolhas horríveis uma garota tem que fazer! Eu gostaria de ter tido um momento para me limpar. Eu ainda estava coberta de lama seca do rio, barbante e grama, como se eu tivesse entrado num barril de piche e depois jogassem penas em cima de mim.
Então Anúbis me empurrou e agarrou Walt pelos ombros. Bem... Foi inesperado. No entanto, eu logo percebi que ele queria impedir Walt de entrar em colapso. O rosto de Walt estava encharcado de suor. Sua cabeça caiu para o lado e seus joelhos cederam. Anúbis abaixou-o suavemente até o chão.
— Walt, fique comigo — Anúbis insistiu. — Temos negócios para terminar.
— Negócios para terminar? — resmunguei.
Eu não sei o que aconteceu comigo, mas senti como se fosse apagada da capa do meu próprio livro. E se havia uma coisa que eu não me acostumava era ser ignorada.
— Anúbis, o que você está fazendo aqui? O que está acontecendo entre vocês dois? E que maldito negocio é este?
Anúbis franziu a testa para mim, como se tivesse esquecido minha presença. Isso não fez muito para ajudar o meu humor.
— Sadie...
— Eu tentei dizer para ela — Walt gemeu.
Anúbis o ajudou a sentar-se, apesar de Walt ainda parecer horrível.
— Eu compreendo — disse Anúbis. — Não teve a oportunidade de dizer nada, não foi?
Walt conseguiu dar um sorriso fraco.
— Você devia tê-la visto falando para Neith sobre os Ursos de Gelatina. Ela era como... eu não sei... um trem de carga verbal. A deusa nunca teve chance.
— Sim, eu vi — disse Anúbis. — Foi bem legal, mas tipo meio irritante.
— Desculpe? — Eu não tinha certeza qual deles que eu deveria estapear primeiro.
— E quando ela fica vermelha daquele jeito — Anúbis acrescentou, como se eu fosse um espécime interessante.
— Fofa — Walt concordou.
— Então você já decidiu? — Anúbis perguntou a ele. — Esta é a nossa última chance.
— Sim. Eu não posso deixá-la.
Anúbis balançou a cabeça e apertou o seu ombro.
— Nem eu posso. Mas a sombra primeiro, certo?
Walt tossiu, seu rosto se contorcendo de dor.
— Sim. Antes que seja tarde demais.
Eu não podia fingir que estava pensando claramente, mas uma coisa era óbvia: os dois haviam conversado pelas minhas costas muito mais do que eu percebi. O que por deuses eles haviam conversado sobre mim? Esqueça Apófis engolir o sol – este era o meu maior pesadelo.
Como ambos não podiam me deixar? Ouvir isso de um garoto moribundo e um deus da morte parecia bastante ameaçador. Eles formaram uma espécie de conspiração...
Oh, deuses. Eu estava começando a pensar como Neith. Logo eu estaria amontoada em um abrigo subterrâneo comendo rações do exército e dando risadas enquanto costurava juntos os bolsos de todos os meninos que tinham me abandonado.
Com dificuldade, Anúbis ajudou Walt com a sombra de Bes, que agora desaparecia rapidamente no crepúsculo.
— Você pode fazer isso? — Anúbis perguntou.
Walt murmurou algo que eu não consegui entender. Suas mãos tremiam, mas ele puxou um bloco de cera de sua bolsa e começou a moldá-lo em um shabti.
— Setne faz isso parecer tão complicado, mas eu não acho. É simples. Não admira que os deuses queiram que esse conhecimento fique fora de mãos mortais.
— Desculpe-me — interrompi.
Os dois olharam para mim.
— Oi, eu sou Sadie Kane. Eu não quero interromper essa conversa íntima, mas quedroga vocês estão fazendo?
— Capturando a sombra do Bes — Anúbis respondeu.
— Mas... — Eu não conseguia falar nada. Eu havia sido uma locomotiva verbal e agora me tornei uma locomotiva verbal descarrilhada. — Mas, se esse é o negócio que vocês estavam falando, então o que era tudo aquilo sobre uma decisão, e me deixar, e...
— Sadie — Walt disse — vamos perder a sombra se eu não agir agora. Você precisa observar o feitiço, assim pode fazer o mesmo com a sombra da serpente.
— Você não vai morrer, Walt Stone. Eu o proíbo.
— É um encantamento simples — continuou ele, ignorando completamente o meu apelo. — São convocações normais, com as palavras sombra de Bes substituído por Bes. Depois, a sombra é absorvida e você vai precisar de um feitiço para prendê-la. Em seguida...
— Walt, pare com isso!
Ele estava tremendo tanto que seus dentes batiam. Como ele poderia pensar em dar-me uma lição magia agora?
— ...em seguida, para a execração, você precisa estar na frente de Apófis. O ritual é exatamente o mesmo. Setne mentiu sobre essa parte, não há nada especial sobre o seu encantamento. A única parte difícil é encontrar a sombra. Para Bes, basta inverter o feitiço. Você deve ser capaz de lançá-lo à distância, já que é um feitiço benéfico. A sombra vai querer ajudá-lo. Mande o sheut para encontrar Bes, e isso deve... deve trazê-lo de volta.
— Mas...
— Sadie — Anúbis colocou os braços em volta de mim. Seus olhos castanhos estavam cheios de compaixão. — Não o faça falar mais do que ele deve. Ele precisa da força dele para esta magia.
Walt começou a cantar. Ele ergueu o pedaço de cera, que agora se assemelhava a um Bes em miniatura, e apertou-a contra a sombra na parede.
Eu soluçava.
— Mas ele vai morrer!
Anúbis me segurou. Ele cheirava a incenso de templo e âmbar e outras fragrâncias antigas.
— Ele nasceu sob a sombra da morte — Anúbis disse. — É por isso que nós nos entendemos. Ele teria desmoronado muito antes de agora, mas Jaz deu-lhe uma ultima poção para conter a dor... para dar-lhe uma explosão final de energia em caso de emergência.
Lembrei-me do cheiro doce de lótus no hálito de Walt.
— Ele tomou apenas agora. Quando estávamos correndo de Neith.
Anúbis assentiu.
— Ele está esgotado, só vai ter energia suficiente para terminar este o feitiço.
— Não!
Eu quis gritar e bater nele, mas tive medo de ele derreter e chorei ao invés disso. Anúbis abrigou-me em seus braços, e eu gritei como uma garotinha. Eu não tenho nenhuma desculpa. Eu simplesmente não podia suportar a ideia de perder Walt, mesmo para trazer Bes de volta. Só por uma vez, eu não poderia ter sucesso em algo sem um sacrifício enorme?
— Você tem que assistir — Anúbis me disse. — Aprenda o feitiço. É a única maneira de salvar Bes. E você vai precisar do mesmo encanto para capturar a sombra da serpente.
— Eu não me importo! — chorei, mas assisti.
Então conforme Walt cantou, a estatueta absorveu a sombra do Bes, como uma esponja absorvendo o líquido. A cera ficou negra como kohl.
— Não se preocupe — Anúbis disse suavemente. — A morte não será o fim para ele.
Bati no peito dele sem muita força.
— Eu não quero ouvir isso! Você não deveria nem estar aqui. Os deuses não colocaram uma ordem de restrição em você?
— Eu não deveria estar perto de você — concordou Anúbis. — Porque eu não tenho uma forma mortal.
— Como, então? Não há nenhum cemitério. Este não é o seu templo.
— Não — Anúbis admitiu. Ele acenou para Walt. — Olha.
Walt terminou seu feitiço. Ele falou uma palavra de comando:
— Hi-nehm.
O hieróglifo para Unir brilhou prateado contra a cera escura:


Foi o mesmo comando que eu tinha usado para reparar a loja de presentes em Dallas, o mesmo comando que tio Amós tinha usado no Natal passado quando ele demonstrou como consertar um prato quebrado. E com uma certeza horrível, eu sabia que seria a último feitiço que Walt iria lançar.
Ele caiu para frente e eu corri para o lado dele. Embalei sua cabeça em meus braços. Sua respiração era irregular.
— Funcionou — ele murmurou. — Agora... envie a sombra de Bes. Você vai ter que...
— Walt, por favor. Podemos chegar ao Primeiro Nomo. Os curandeiros podem ser capazes de...
— Não, Sadie... — ele apertou a estatueta em minhas mãos. — Rápido.
Eu tentei me concentrar. Foi quase impossível, mas consegui reverter a formulação de uma execração. Eu canalizei poder na estatueta e imaginei Bes como ele um dia foi. Instiguei a sombra para encontrar seu mestre, para despertar a sua alma. Em vez de apagar Bes deste mundo, eu tentei trazê-lo de volta, desta vez com tinta permanente.
A estatueta de cera se transformou em fumaça e desapareceu.
— Funcionou? — perguntei.
Walt não respondeu. Seus olhos estavam fechados. Ele permaneceu imóvel.
— Oh, por favor... não — eu abracei sua cabeça, que foi rapidamente esfriando — Anúbis, faça alguma coisa!
Nenhuma resposta. Eu me virei e Anúbis tinha sumido.
— Anúbis! — gritei tão alto que ecoou pelas falésias distantes.
Eu coloquei Walt no chão tão delicadamente quanto pude. Levantei-me e fiz um círculo em volta do seu corpo, meus punhos cerrados.
— É isso? — gritei para o vazio. — Você leva a alma dele e desaparece? Eu te odeio!
De repente Walt tossiu e abriu os olhos.
Eu soluçava de alívio.
— Walt! — Ajoelhei-me ao lado dele.
— O portão — disse ele com urgência.
Eu não sabia o que ele queria dizer. Talvez ele estivesse tendo algum tipo de visão de quase-morte? Sua voz soou mais clara, livre de dor, mas ainda fraca.
— Sadie, rápido. Você sabe o feitiço agora. Ele vai funcionar na... na sombra da serpente.
— Walt, o que aconteceu? — Eu esfreguei as lágrimas do meu rosto. — Que portão?
Ele apontou debilmente. A poucos metros, um portal de trevas pairava no ar.
— A missão toda era uma armadilha — disse ele. — Setne... Eu vejo seu plano agora. Seu irmão precisa de sua ajuda.
— Mas e você? Venha comigo!
Ele balançou a cabeça.
— Eu ainda estou muito fraco. Eu farei o meu melhor para convocar reforços para você no Duat, pois você vai precisar deles, mas eu mal consigo me mover. Vou te encontrar ao amanhecer, no Primeiro Nomo, se tiver certeza de que não me odeia.
— Te odeio? — Eu estava completamente perplexa. — Por que diabos eu iria odiar você?
Ele sorriu tristemente, um sorriso que não era bem dele.
— Olhe — disse ele.
Levei um momento para entender. Um sentimento frio tomou conta de mim. Como Walt sobreviveu? Onde estava Anúbis? E o que eles estiveram conspirando?
Neith tinha chamado Walt de criança de Set, mas ele não era. A única criança de Set era Anúbis.
Tentei dizer a ela, Walt disse.
Ele nasceu sob a sombra da morte, Anúbis disse para mim. É por isso que nós nos entendemos.
Eu não queria, mas baixei minha visão para o Duat e onde Walt estava deitado vi uma pessoa diferente, como uma imagem sobreposta... Um jovem deitado fraco e pálido, com um colar de ouro e um kilt egípcio preto, com familiares olhos castanhos e um sorriso triste. Ainda mais profundo, eu vi o brilho cinza incandescente de um deus – a forma com cabeça de chacal de Anúbis.
— Ah não... não.
Levantei-me e tropecei para longe dele. Deles. Muitas peças do quebra-cabeça se encaixaram de uma vez. Minha cabeça estava girando. A habilidade de Walt transformar as coisas em pó... Era o caminho de Anúbis. Ele estava canalizando o poder do deus durante meses. A amizade deles, as discussões, a outra maneira que Anúbis sugeriu para salvar Walt...
— O que você fez? — olhei para ele com horror.
Eu não estava certa nem do que chamá-lo.
— Sadie, sou eu — disse Walt. — Continuo sendo eu.
No Duat, Anúbis falou em uníssono:
— Continuo sendo eu.
— Não!
Minhas pernas tremiam. Eu me senti traída e enganada. Senti como se o mundo já estivesse se desintegrando no mar de caos.
— Eu posso explicar — disse ele em duas vozes. — Mas Carter precisa de sua ajuda. Por favor, Sadie...
— Pare com isso!
Eu não estou orgulhosa de como agi, mas me virei e fugi, pulando direto pelo portal de trevas. Naquele momento eu nem sequer me importava aonde ele iria me levar, só que fosse longe daquela criatura imortal que eu tinha pensado que amava.

Nenhum comentário:

Postar um comentário